À medida que envelhecemos, é importante considerar como encaramos as novas
tecnologias, mas a desigualdade existente pode acentuar ainda mais a exclusão digital
Portanto, é essencial encarar a inclusão digital dos idosos como uma prioridade, levando
em conta o respeito à diversidade e à trajetória de cada indivíduo. Até porque envelhecer
não significa abrir mão das tecnologias!
Nos últimos anos, até tem sido observado um aumento no número de idosos presentes nas
redes sociais. No entanto, muitos ainda enfrentam dificuldades em aproveitar as
oportunidades oferecidas pelo mundo digital devido à baixa inclusão digital. Para eles, a
sensação é de estarem sendo deixados para trás. Infelizmente, nem sempre as novas
tecnologias são simples e eficazes, o que acaba por negligenciar sua perspectiva.
Muitas vezes, as empresas não consideram o estilo de vida dessas pessoas em sua
abordagem. Concluindo, é necessária uma mudança no mercado, inclusive nas
engenharias, para garantir um futuro diferente e mais inclusivo para os idosos no mundo
digital.
Por que a inclusão digital dos idosos é essencial?
Para começar, investir na educação digital e inclusão digital dos mais velhos é importante
para garantir que eles tenham acesso à Internet, saibam usá-la e entendam seu potencial
para suas vidas.
No Reino Unido, por exemplo, cerca de dez milhões de idosos não possuem os requisitos
mínimos de alfabetização digital, o que pode impactar seu dia a dia, incluindo atividades
como entrevistas de emprego e recebimento de receitas médicas online. Nesse caso, a
inclusão digital seria o melhor passaporte para o exercício da cidadania, garantindo ainda a
satisfação e a qualidade de vida na terceira idade.
O impacto das novas tecnologias na adaptação das casas para idosos
A Engenharia de Inteligência Artificial está trazendo mudanças para as casas dos idosos,
com novos projetos focados em torná-las mais amigáveis ao envelhecimento. Uma
tecnologia baseada em comando de voz pode garantir acesso a serviços e conexões
sociais, melhorando o bem-estar dos idosos.
É possível repassar informações para o computador, permitindo que ele lembre
compromissos, medicamentos e atividades programadas. Além disso, a Inteligência Artificial
aprende a partir do que ouve, o que é útil para quem tem declínio cognitivo moderado e
ainda quer viver com independência.
A utilização massiva da Inteligência Artificial é uma tendência em todas as instâncias do
cotidiano. Essas soluções terão um impacto significativo na vida dos idosos, especialmente
com o déficit de mão de obra de cuidadores.
Como o mercado vem explorando o envelhecimento humano
O mercado tem investido em negócios da chamada gerontologia social, visando entender
melhor o público idoso e aprimorar o design de produtos, além de utilizar uma linguagem
livre de estereótipos. O setor de hospitalidade e lazer tem uma ampla variedade de pontos
de contato com o consumidor e qualquer melhoria implementada pode se espalhar e ser
bem recebida pelos idosos.
Para oferecer design e engenharia de qualidade, é necessário garantir o atendimento às
necessidades do cliente e respeitar sua individualidade.
Pesquisas recentes destacaram as embalagens de alimentos e remédios como
problemáticas para serem abertas e manuseadas, além do controle remoto da TV como um
vilão. Simplificar as tecnologias é importante, assim como aprimorar as habilidades digitais
dos idosos. Inclusive, agências especializadas em campanhas para o público acima dos 50
defendem a necessidade de mudança radical da linguagem empregada nos produtos para
se dirigir ou se referir a esse contingente.
Ao desenvolver novos produtos de design e engenharia para idosos, é importante lembrar
que as suas necessidades específicas devem ser consideradas durante o processo de
projeto, produção, venda e compra, e que não é o mesmo que produzir para um público
mais jovem.
Como grandes empresas apostam no mercado da terceira idade
Com a sobrecarga e a precarização do sistema de saúde, a tecnologia tem ganhado um
papel cada vez mais importante no manejo de doenças. A Alphabet, holding por trás do
Google, tem investido bilhões para se tornar uma potência no setor de saúde. As gigantes
de tecnologia do Vale do Silício estão interessadas em aproveitar o mercado impulsionado
pelo bônus da longevidade.
Países ricos reservam, em média, 10% do seu Produto Interno Bruto (PIB) para manter a
saúde dos cidadãos, justificando a caça ao tesouro dessas empresas. Nos EUA, a Amazon
já oferece farmácia online e serviços de telemedicina, enquanto a Alphabet investiu bilhões
em 2022. Desde 2008, quando lançou um serviço para reunir informações de saúde em um
só lugar, o conglomerado ampliou sua atuação para quatro grandes áreas: wearables, como
relógios e óculos de realidade virtual; banco de dados; inteligência artificial voltada para a
saúde; e pesquisa para ampliar os limites da longevidade.
Para finalizar, o Fitbit, adquirido em 2019, incorporou um novo sensor que monitora
mudanças na frequência cardíaca e foi aprovado pelo FDA nos EUA. O Pixel Watch
promete competir com o relógio inteligente da Apple. A Alphabet também busca se destacar
na categoria médica, oferecendo suporte para armazenamento de informações dos
pacientes e ferramentas para auxiliar nos diagnósticos.
Claro que estas estratégias das empresas só têm chances de dar certo se os governos
também auxiliarem implementando políticas de educação digital e inclusão digital. Mas,
antes de tudo, é necessário fazer as pessoas entenderem o que é a própria inclusão digital!
Veja a definição:
Inclusão digital é garantir acesso e uso das tecnologias para todas as pessoas, incluindo
habilidades, conhecimentos e acesso a conteúdo relevante. Importante para participar da
sociedade da informação, acessar serviços e oportunidades, educação e entretenimento,
além de ampliar conhecimentos e rede de contatos.
Fonte: https://engenharia360.com/a-inclusao-digital-na-terceira-idade